O preconceito entre gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros é algo que só quem pertence a algum segmento da sigla LGBT entende. A maioria dos héteros costuma acreditar que todas as letras se adoram e convivem em perfeita harmonia, como as cores da bandeira do arco-íris.No entanto, para quem conhece, essa é uma situação quase utópica.Gays ‘bofinhos’ não gostam de ‘pintosas’, que não gostam de travestis, que não vão com a cara de lésbicas ‘caminhoneiras’, que não se dão bem com bissexuais patricinhas e assim por diante.“Aprendi a ter preconceito com quem tem preconceito”, desabafa o estudante Caio Henrique. Ele diz ser amigo de gays e de lésbicas e que nunca sofreu preconceito por parte de algum LGBT. Quanto às travestis, o estudante diz que no meio que elas convivem parece acontecer muita fofoca e falsidade. “Elas são pessoas traumatizadas e já se defendem atacando”, comenta.Até Welton Trindade, diretor do grupo Estruturação, admite que seu convívio com outros segmentos LGBT é restrito. “Não saio muito e tenho poucos amigos. A maioria deles são gays mais por uma questão de afinidade mesmo”, diz ele, que já sofreu preconceito por parte de algumas lésbicas feministas. “Elas têm rejeição a homens e os vêem como inimigos. Não aceitam o masculino”, comenta.A drag Thuanny Lins diz que mantém contato mais com gays do que com lésbicas e com as próprias travestis. “Como não saio muito, acabo só encontrando com os gays. Mas tenho um carinho grande por todos e nunca tive problema com preconceito por parte deles", explica.Transitar pelos diversos segmentos sem medo de sofrer algum tipo de retaliação é uma experiência pouco comum. “Convivo muito bem com meus amigos gays e minhas amigas lésbicas”, diz Andréa Manzan. “Os meninos gostam de balada e as meninas de bares. Acabo acompanhando todos porque gosto das duas coisas. Os demais segmentos, de certa forma, se isolam e não interagem uns com os outros. As travestis acabam não interagindo muito”, diz.“São mundos completamente diferentes”, afirma o relações públicas Rodrigo. “Tenho amigos gays e lésbicas, mas não tenho amigas travestis porque elas não convivem nos mesmos espaços que eu. Acho que a sexualidade no nosso caso está muito ligada à promiscuidade e muitas das travestis acabam rotuladas. Elas são duplamnte marginalizadas pelo fato de serem diferentes pela aparência", lamenta o RP. Para ele, o preconceito entre os LGBTs existe e não é tão velado quanto parece. Rodrigo acha que os gays da nova geração (que cuidam do corpo, trabalham em altos cargos e etc) têm preconceito contra os gays cabeleireiros, ou pintosas, por exemplo.Não cruzar os braços e abir os olhos para este problema é hoje uma missão assumida por muitos que fazem parte do meio LGBT. Por este motivo o público GLS de algumas cidades brasileiras já estão buscando uma solução para esta temática. A exemplo do "Estruturação-Grupo LGBT de Brasília", que realizou reunião nesta terça-feira na cidade para iniciarem as discussões sobre o assunto. "Não ter afinidade com certos grupos não é necessariamente um problema. O problema reside quando existe um preconceito entre as partes”, comenta Welton Trindade..
http://www.universiti.com.brMarcelo Henrique Andrade (Da Redação) Raiza Tavares (Estagiária) em 27.11.2008
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